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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

QUESTÕES DE DIREITO EMPRESARIAL

A respeito das sociedades limitadas, assinale a alternativa correta.

a) A sociedade limitada, nas omissões das normas estabelecidas pelo Código Civil, será regida pela Lei 6.404/1976.
b) A cessão de quotas de um quotista de uma sociedade limitada para outro quotista da mesma sociedade dependerá de prévia autorização estatutária.
c) A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado.
d) Não dependerá de deliberação dos quotistas a nomeação ou a destituição dos administradores.

Há mais de dez anos, Jorge e Matias, ambos juridicamente plenamente capazes, constituíram sociedade limitada para desenvolver o comércio de carnes em Petrópolis. Apesar de eles terem elaborado contrato de sociedade por escrito, tal contrato nunca foi levado a registro na Junta Comercial competente. Considerando as informações acima, é correto afirmar que:

a) a sociedade não tem personalidade jurídica, mas os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.
b) a sociedade é inexistente.
c) a sociedade é ineficaz, tanto para Jorge e Matias quanto para terceiros.
d) a sociedade é nula de pleno direito.
e) a sociedade existe, é válida e possui personalidade jurídica.

Em qual prazo um suposto prejudicado pode promover a invalidação judicial da reorganização societária de uma sociedade empresarial?

a) Em regra prazo algum, afinal somente um credor pode pedir revisão do instituto da revisão empresarial;
b) 60 dias contados da data da publicação em diário oficial da suposta irregularidade;
c) 90 dias contados da data da publicação em jornal de grande circulação de alguma reorganização societária;
d) 30 dias contados da data da publicação da transformação societária.

Com relação à desconsideração da personalidade jurídica, assinale a alternativa correta.

a) Implica a extinção da pessoa jurídica.
b) Constitui uma construção jurisprudencial que nunca encontrou positivação na legislação nacional.
c) Implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares dos administradores e sócios e está prevista apenas no Código Civil.
d) Implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares dos administradores e sócios e está prevista, no sistema jurídico brasileiro, apenas no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor.
e) Implica que obrigações da sociedade sejam estendidas aos bens particulares dos administradores e sócios e está prevista, no sistema jurídico brasileiro, no Código Civil, no Código de Defesa do Consumidor e na Lei 8.884/94 (Lei de Defesa da Concorrência).

A operação mercantil em que uma empresa através de Assembleia decide transferir 80% de seu patrimônio para outra empresa recém-criada pelos acionistas fundadores é:

a) Fusão;
b) Cisão Total;
c) Incorporação;
d) Cisão Parcial;
e) Transformação.

Na sistemática do Código Civil de 2002, a aplicação da Lei das Sociedades por Ações às sociedades limitadas é:

a) automática, tendo em vista a disposição expressa do Código Civil a esse respeito.
b) subsidiária em relação às normas de sociedade simples.
c) dependente de disposição contratual expressa nesse sentido e da contratualidade da matéria.
d) condicionada ao caráter institucional da sociedade.

Nos termos da legislação vigente, a deliberação dos sócios de uma sociedade limitada que implique modificação de seu contrato social dependerá de votos representativos de, no mínimo,

a) 2/3 (dois terços) dos votos dos sócios presentes à reunião ou assembleia.
b) 1/2 (metade) do capital social.
c) 1/2 (metade) dos votos dos sócios presentes à reunião ou assembleia.
d) 3/4 (três quartos) do capital social.
e) 3/4 (três quartos) dos votos dos sócios presentes à reunião ou assembleia.

Considerando os vários tipos de sociedades descritos no Código Civil e com base na teoria geral do direito empresarial, assinale a opção correta.

a) As cooperativas, independentemente do objeto social, são sempre sociedades simples.
b) A sociedade anônima pode adotar a forma simples, desde que o seu objeto social compreenda atividades tipicamente civis.
c) A sociedade simples não possui personalidade jurídica, sendo desnecessária a inscrição de seu contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
d) Na sociedade em comum, todos os sócios respondem limitadamente pelas obrigações da sociedade; assim, todos os sócios podem valer-se do benefício de ordem a que os sócios da sociedade simples fazem jus.

Qual sociedade empresarial é caracterizada pela unipessoalidade? Como é constituída tal sociedade?

Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). Ela é constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não poderá ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. O titular não responderá com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa.

Em que consiste a prática de dumping e qual princípio de direito empresarial ela afronta?

De acordo com Fábio Ulhoa Coelho, a prática comercial conhecida por dumping corresponde “a venda de mercadorias em país onde não são produzidas, por preço inferior àquele praticado no país onde são produzidas”. (COELHO, Fábio Ulhoa. Direito Antitruste Brasileiro: comentários à Lei nº 8884/94. São Paulo: Saraiva, 1995, 171p.)

Tal prática afronta o princípio da livre concorrência, insculpido no art. 170, IV, este decorrente do princípio da livre iniciativa. A prática de dumping proporciona prejuízos consideráveis à livre concorrência devido a discriminação internacional de preços.




domingo, 11 de outubro de 2015

A NOTA FISCAL NÃO É OBRIGATÓRIA PARA COMPROVAR RELAÇÃO DE CONSUMO.

Os fornecedores são obrigados a emitir nota fiscal e recusá-la é crime (Lei n.º 4.729/1965 - crime de sonegação fiscal).

Em certos casos o fornecedor recusa-se a emitir a nota por variados motivos, desde querer fugir de impostos a negar a prestação do serviço ou do bem de consumo. O fornecedor pode entender, inclusive, ser um meio de impor óbice ao consumidor para conseguir seus direitos. No entanto, a falta da nota fiscal não descaracteriza a relação de consumo, uma vez que esta não se confunde com a relação tributária entre comerciantes e o Fisco

Em se tratando de matéria de Direito do Consumidor, a nota fiscal não é obrigatória para caracterizar a relação de consumo. Haja vista que entende-se por relação de consumo toda relação jurídico-obrigacional que liga um consumidor a um fornecedor, tendo como objeto o fornecimento de um produto ou da prestação de um serviço.

Ou seja, para o consumidor a apresentação da nota fiscal não é o único meio para demonstrar que houve a relação de consumo no intuito de ver resguardados seus direitos estampados no CDC - Código de Defesa do Consumidor[1]. Existem vários outros meios para se comprovar que o consumidor adquiriu um produto ou contratou um serviço e que os mesmos foram entregues ou realizados.

No caso de produtos, bens móveis, a propriedade deste se transfere pela simples tradição. Onde a tradição corresponde à entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a finalidade de lhe transferir o domínio, em conclusão do contrato.

De acordo com o art. 1.267 do Código Civil[2], “a propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”. Sendo assim, a tradição mostra-se de suma importância na aquisição de bens móveis.

Mestre em Direito do consumidor, Estêvão Zizzi[3] ensina que “uma vez realizada a entrega efetiva do produto ao consumidor e comprovado o pagamento por transferência bancária ou outro meio, o consumidor é considerado dono do produto e pode exercer os seus direitos perante o fornecedor. Por outro lado, a nota fiscal, como o próprio nome diz, é obrigatória para o Fisco (o Estado que arrecada os impostos), mas não é documento imprescindível para provar a relação de consumo”.

Assim, no caso de solicitação de troca de mercadoria ou envio à assistência técnica para conserto, quando se tratar de caso de produto em garantia, não pode ser impedida pelos fornecedores pela simples alegação do consumidor não dispor da nota fiscal, desde que a aquisição do produto seja comprovada por outros meios como: recibo, comprovante de pagamento do cartão, fatura do cartão de crédito, extrato bancário, certificado de garantia preenchido pela loja, tíquetes, etiquetas, código de barras e testemunhas.

A recusa do fornecedor a fornecer a emitir ou fornecer a nota fiscal fere, inclusive, o princípio da boa-fé objetiva que rege as relações de consumo. Exigir a apresentação do documento em debate para se fazer valer os direitos do consumidor apenas estenderia os abusos já iniciados com a prática da recusa da emissão.

Portanto, a nota fiscal não é indispensável e muito menos é a única prova cabal de aquisição legal de um produto para buscar-se os direitos estatuídos pelo CDC.




[1] LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.
[2] LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.
[3] (ZIZZI, Estêvão. Direitos do consumidor sem nota fiscal. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 3909, 15 mar. 2014. Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2015.)